MORREU UM JORNALISTA

Morreu hoje Vítor Direito, um jornalista que fez história na Imprensa portuguesa ao fundar, lançar e consolidar o "Correio da Manhã", hoje o grande fenómeno do universo mediático em suporto papel, com vendas superiores a 115 mil exemplares/dia. Vítor Direito foi meu director de 1988 a 1991 e apenas falei com ele duas vezes. Numa delas quando, numa das suas raras "descidas" à redacção, alguém me tocou nas costas para me dar os parabéns após um raide por Itália e a Bélgica, para reportagens com Rui Barros (que acabara de ingressar na Juventus) e sobre o julgamento de Heysel Park. Na outra foi no seu gabinete, onde me dirigi para lhe comunicar que ia sair do jornal, para voltar ao mundo do jornalismo desportivo. Já passei por muitas casas e Vítor Direito foi o único director que não se zangou com a notícia do meu auto-despedimento e até me desejou toda a sorte do Mundo. Tenho orgulho em ter pertenciado à chamada "família CM", onde deixei e fiz muitos amigos, tendo tido o privilégio de estar presente quando o jornal lançou o seu suplemente desportivo. Quando saí ganhava 160 contos, o que era muito dinheiro para a época, e resultou de sucessivas actualizações que premiaram o meu esforço. São raros estes momentos e também por isso recordo hoje com saudade Vítor Direito e esses tempos de transição da Rubens Leitão, onde o jornal nasceu na cave, para a Mouzinho da Silveira.