PINTO DA COSTA ABSOLVIDO


Acompanhei todas as sessões do julgamento do caso do envelope. Um juiz singular com intervenção directa nos interrogatórios, um procurador combativo, advogados (sobretudo o de Pinto da Costa) com sangue na guelra, o habitual "circo mediático", a animadora Marisa Magalhães, o guarda Abel, momentos em que a porta se fechou, a galheta que raspou no rosto de Carolina, a operação ao joelho de Araújo, o virar de bico ao prego da sua irmã, o fax da PGR e claramente o "Correio da Manhã" a assumir-se como destaque da Comunicação Social na sala de audiências, onde teoricamente os telemóveis deveriam estar desligados mas enfim, é este o país que temos... Feitas as contas finais, parece-me que a juíza vai absolver, in dubio pro réu, Pinto da Costa, Augusto Duarte e António Raújo, não se livrando estes, porém, de uma censura moral. Por muito rebuscada que possa parecer a explicação dada para a visita de Duarte a casa de Pinto da Costa...é uma explicação. Por acaso nunca os arguidos a deram nas outras etapas deste processo (interrogatório judicial, processo disciplinar desportivo e instrução) mas como se sabe só vale o que se diz em sede de audiência, muito embora Gil Moreira dos Santos, advogado de PC, tenha atacado Carolina precisamente com elementos relativos a outras fase do processo e a verdade é que conseguiu fazer Carolina patinar um bocadinho. Se esse bocadinho é ou não o suficiente para dar ao MP a uma vitória, não sei e penso que não interessa pois parece-me que a juíza só estava mesmo a precisar de ouvir uma explicação para o encontro de um presidente com um árbitro dois dias antes de um jogo importante para o FC Porto (sim, porque faltavam quatro jornadas e o Sporting estava a 5 pontos de distância).

Somadas todas as parcelas, como já aqui disse, não acredito nem na versão de PC e Duarte (encontro para convencer o pai do árbitro a passar menos tempo em Lisboa com "amásias") nem na versão de Carolina. O encontro aconteceu e está documentado. Não foi certamente para falar dos devaneios do antigo árbitro Azevedo Duarte mas Carolina apenas criou este facto de que já não se recordava porque teve conhecimento do processo. A ex-companheira de PC não o viu a entregar qualquer envelope mas foi isso que disse à polícia. Obviamente, a PJ e o MP apenas fizeram o seu trabalho. Mal ou bem, está feito.

Com absolvições ou condenações, uma certeza fica: tivemos um vislumbre magnífico dos bastidores do futebol. E nós, jornalistas, muitas estórias para contar. O Apito Dourado, que está a acabar, foi um momento único. Cinco anos muito intensos e arriscados para quem, como penso ser o meu caso, entrou no jogo sem envelopes e cartas encoiradas.