O "i"

Está aí a rebentar um novo jornal, o "i".
Um novo jornal, sobretudo nos tempos que correm, é sempre uma boa notícia para os jornalistas.
O nascimento do "Público", recordo-me, fez agitar o mercado e definiu um novo conceito. Volvidos 20 anos, o outro mercado, o dos compradores, não parece ter reagido muito bem à inovação...
Diz o director do "i" que este vai ser um jornal "diferente de todos os outros". É isto que normalmente se diz num jornal que aparece.
Diz também que a principal secção do jornal vai resumir "os estilhaços da informação do dia", numa espécie de síntese das sínteses que, confesso, a minha inteligência não conseguiu alcançar.
O "i" pretende "pôr os leitores a pensar sobre os assuntos", acrescenta ainda o director, partindo do princípio que o leitor compra um jornal porque necessita de estímulos intelectuais - suspeito que não...
Mais, o "i" vai ter o exclusivo de todos os textos do "New York Times" mas o "New York Times" não parece muito interessado em ter os exclusivos dos textos do "i".
Mas o que me chamou realmente a atenção foi a existência, na redacção do "i", de um open space que muda de cor conforme se aproxima a hora de fecho e de um "café de descompressão" para onde os jornalistas "podem fugir do stress do dia", o que tem lógica se atendermos ao facto de que a direcção do "i" quer apanhar os ditos estilhaços da informação hodierna.
Ok, vamos ver o que "i"sto dá. E se não der nada, malta, pelo menos convidem-me para um café. Também quero descomprimir. Mas com colete à prova de bala. Nisto de estilhaços, meus amigos, nunca fiando...