NO CORAÇÃO DOURADO DO APITO

Hoje de manhã estive em Gondomar, no campo de S. Miguel. Não é um campo qualquer. Foi ali que começou o Apito Dourado, há 5 anos, precisamente quando o actual treinador gondomarense, Daniel Ramos, era técnico dos Dragões Sandinenses, o gran rival da equipa de Gondomar na época de 2003/2004, aquela que foi escrutinada pela PJ. As voltas que a vida dá... Hoje, o Gondomar SC está na II Liga e em risco de descer, risco redobrado pela possibilidade de em breve a Comissão Disciplinar da Liga punir a equipa com a descida, após análise do dossier que transitou da FPF para a Liga (outro clube em risco é o Vizela). Fui a Gondomar não por causa do Gondomar mas sim por causa do Rio Ave, que ali disputou um jogo treino. Deu para pôr a conversa em dia com o meu amigo Carlos "Bacalhau" Moura e com a melhor jornalista desportiva portuguesa (a Mónica), com um intervalo natural para falarmos da "nossa" literatura, que isto de pensar só em futebol é tão mau como passar um dia inteiro a ouvir os Buraka Som Sistema, embora muita gente goste e até ache que é pouco. Deu também para perceber a real dimensão do BnA quando o fisioterapeuta do Rio Ave, Vítor Pimenta, fez questão de me dar os parabéns pelo blogue, confessando-se um fiel seguidor. São estas pequenas coisas que nos fazem andar aqui... Ainda no estádio de S. Miguel, deparei com um Carlos Brito optimista, todo babado por ser pai agora de um menino de três anos, ele que também já é avô, apesar de só ter 46 anos. O Carlos bem merece pois penou bastante com a doença da sua falecida mulher e é um homem simples, dedicado ao futebol e com uma inteligência prática apreciável. E continua bastante em forma, como deu para comprovar no aperto de mão... Enfim, uma gloriosa manhã no primeiro dia de Primavera, com boa companhia, algum futebol e a habitual troca de cromos entre aqueles que pertencem à grande tribo do futebol, num momento raro, só possível em clubes desta dimensão pois os grandes há muito tempo que vivem em campos de concentração e gerem a informação e os contactos com a mesma subtileza dos torturadores de Guantanámo.