JUSTICEIROS DE TRAZER POR CASA


Ter os campeonatos "em suspenso" do parecer, calculado em 60 mil euros, do professor Freitas do Amaral é apenas mais uma originalidade do futebol português. Um parecer que nunca será vinculativo mas que, curiosamente, parou tudo... As deliberações foram tomadas por 5 dos 7 conselheiros do Conselho de Justiça, que não deram provimento aos recursos de Pinto da Costa e de Boavista. Num dos casos do Boavista, o recurso foi rejeitado por unanimidade, ou seja, por 5-0, o que, juntando o que foi decidido na Comissão Disciplinar da Liga, dá um expressivo 10-0. Ou seja, 10 juristas já se pronunciaram sobre o caso (jogo Boavista-Académica, que não deu certidão na justiça comum...) mas parece que ainda restam dúvida. Quantos aos casos que têm a ver com o FC Porto, o "score" está em 9-1. Então, porque é que isto parou? Bem, essa é a pergunta que vale um milhão de dólares. No essencial, porque dois dos sete conselheiros do CJ, o presidente o vice, quiseram afastar da votação um dos conselheiros, sob o argumento de que não pode estar ao mesmo tempo no CJ e na Comissão de Transferências, alegando uma incompatibilidade do perito com o juiz. Diz ainda o presidente do CJ que tinha poderes para, liminarmente, afastar o conselheiro Carrajola Abreu. Facto que se iria traduzir num empate a 3-3 nos processos do FC Porto. Presume-se que Gonçalves Pereira e Costa Amorim iriam juntar os seus votos ao do conselheiro de Viseu Francisco Mendes da Silva. Prevaleceria, então, o voto de qualidade de Gonçalves Pereira, resultando daí a vitória de PC nos recursos que, graças a Carrajola Abreu (!), poderia aproveitar ao FC Porto. Uma leitura simples sobre o caso que renasceu a 4 de Julho, na sede da FPF, apenas confirma que a justiça desportiva é preversa e que está muito longe de ser colegial. Também aqui não são as questões de fundo que importam mas sim as questões emocionais. Aqui chegados, o CJ não tem condições para continuar e o grande imbróglio será conseguir anular as decisões já tomadas. Caso tudo volte à estaca zero, quero rir-me de palanque durante o processo de formação do próximo Conselho de Justiça. Ouvi dizer que há, no Burkina-Faso, advogados estagiários com muita vontade de pegar no assunto.