MOURINHO E A SELECÇÃO


1 - José Mourinho está de regresso ao activo. Ainda bem, pois para além de considerar que um treinador com a sua qualidade não pode estar tanto tempo de fora do futebol, já não tinha paciência para ler e ouvir as mesmas perguntas e respostas em torno do seu futuro.O Inter é, indiscutivelmente, um dos grandes colossos mundiais. E tendo em conta que o setubalense pretendia um clube com peso junto das massas e com “massa” para investir em peso, creio que o “casamento” é normal. E tem todas as condições para dar certo. Porém, Mourinho tem de ter consciência, desde cedo, que os milaneses só o foram buscar por um motivo: querem vencer a Liga dos Campeões, galardão que há muito lhes escapa e que, pior do que isso, de vez a vez “aterra” nas mãos dos vizinhos do AC. Ora, a Liga dos Campeões é o troféu que o treinador luso arrebatou ao serviço do FC Porto, mas deixou escapar no Chelsea. Em Londres, recorde-se, Mourinho fez um trabalho excepcional, transformando um clube sem passado num gigante da actualidade, mas a verdade é que a “Champions” que Abramovich tanto queria... não caiu na “rede”. É essa foi uma das razões para a sua conturbada saída dos “blues”.O clube liderado por Moratti não está interessado em ganhar campeonatos. Se esse fosse o objectivo, estava muito bem servido com Roberto Mancini que, mesmo tendo uma concepção futebolística criticável (muitos dos adeptos olharam-no sempre de lado, já para não falar das questiúnculas com jogadores), lá foi levando de vencida a concorrência. O problema é que quem gasta tantos milhões de euros quer mais, quer a mais importante competição europeia de clubes.Embora tenha evitado pronunciar-se em relação a eventuais contratações durante a apresentação em Milão, é mais do que óbvio que Mourinho só assumiu pegar na equipa porque teve a garantia de que irá aparecer a verba necessária para comprar 3 ou 4 estrelas, para juntar às muitas que já fazem parte do plantel “nerazzuri”. E também não é preciso ser adivinho para concluir que os futebolistas que o português quer levar para Milão são, em primeira instância, velhos conhecidos. Do tempo do Chelsea, do FC Porto ou de ambos...Ainda em relação à conferência de imprensa de Mourinho duas notas:a) É de louvar o esforço feito pelo técnico para falar (e bem) em italiano. Com essa atitude, Mourinho entrou logo a ganhar, marcando pontos também com a sua habitual ironia.b) Recusar a responder em português aos jornalistas cá da terra, invocando que se distraia do italiano, não lembra a ninguém. Um triste episódio a fazer lembrar o célebre discurso de Figo em castelhano, quando recebeu o galardão de melhor futebolista mundial, em 2001. Não havia necessidade...

2 – A forma sensacional como os emigrantes estão a “segurar” a Selecção Nacional na Suíça merece todos os elogios. E não me venham com a conversa da pressão adicional. Os jogadores estão habituados a lidar com o “stress” próprio de quem tem uma profissão deveras mediática. A rapaziada só pode é estar satisfeita por constatar que, jogar na Suíça ou em Portugal, será a mesma coisa. Ter 12 mil pessoas num treino é obra. Duvido que outra equipa o consiga fazer quando está a treinar no estrangeiro.


LUÍS AVELÃS