ALBERTO GONÇALVES E SCOLARI


"Não sou mais que os outros, e por isso tenho vivido com natural ansiedade a crise que o país atravessa, resultado da globalização e do capitalismo selvagem. Como toda a gente, passo noites em claro a ponderar, aflito, os incontáveis riscos da situação: e se a saída de Scolari desmotiva os jogadores no "Euro"? E se a equipa perde o respeito a um indivíduo que, incompreensivelmente, muda de emprego a troco de um salário melhor? O anúncio não terá sido prematuro? E depois do "Euro", que substituto estará à altura do homem que um dia afirmou "Matraquilho é pimbolim"? Madaíl resolverá a situação a tempo útil? A situação é resolúvel? Que figura faremos na África do Sul, admitindo que a África do Sul interrompe a imolação pública de estrangeiros para receber o campeonato do mundo? Valha-me Deus: não sei. Não sei o que será de nós. Sei que o sono não chega e que, em breve, Scolari parte. Scolari, a família de sempre, os amigos de sempre e, é claro, o Murtosa de sempre. E Portugal, o Portugal de sempre, cá fica."
in DIAS CONTADOS, "Diário de Notícias"