EU e o BnA*

Nos tempos que correm não está fácil assegurar a subsistência.
Sei do que estou a falar e por isso mesmo desculpo e compreendo o afã de alguns jornalistas que procuram ver noutros aquilo que eles por norma não são: ou seja, agentes activos dos órgãos de comunicação que lhes pagam e, também, jornalistas na verdadeira acepção da palavra.
O jornalismo que se faz hoje não é diferente do que se fazia ontem em Portugal.
A única diferença assenta na qualidade dos textos.
Há mais animação, mais diversão, mas falta profundidade, sentido crítico e originalidade.
"Manda quem pode, obedece quem tem juízo" (a máxima celebrizada por António Araújo) é doutrina praticada não só nas empresas jornalísticas. Um problema endémico dos ditos "novos tempos", que de novos nada têm apesar dos fatos justos e das gravatas de seda.
Com quase 30 anos de profissão, não me considero "acabado" e o meu maior estímulo continua a ser "um dia daqueles", ou seja, estar em cima de uma história da actualidade e poder contar com o feed-back dos leitores e dos protagonistas.
Sinto que sou conotado com A ou com B e, ao contrário do que possam pensar, é algo que não me incomoda. Ficaria aborrecido apenas se fosse mais um a puxar o saco.
Pelos jornais e publicações por onde passei (O Comércio do Porto, Norte Desportivo, Gazeta dos Desportos, Correio da Manhã, Jornal de Notícias, A Bola, Record, 24 Horas, Doze e Mundial) dei sempre o meu melhor e raramente o meu trabalho foi desvalorizado. Enquanto continuar a sentir "isto"...cá continuarei.
O meu IRS pode ser consultado, o meu património está hipotecado, o carro paguei-o eu e não tenho casa de férias, contas no estrangeiros, acções e planos de poupança reforma. Vivo do salário que recebo todos os meses.
Aqui, no Bola na Área, tenho o meu refúgio. A minha catarse. Com um retorno extraordinário, acima de qualquer expectativa.
É com a promessa de que continuará a ser assim e sem ressentimentos que aqui continuarei. Com uma certeza: os piores críticos do BnA são os seus melhores leitores.

E desculpem esta reflexão, aconteceu simplesmente por estava em casa sem tabaco, sem nada de jeito para ler ou ver e este Maio molhado também ajudou ao devaneio.

* quando este blog, após a refundação, caminha para o MEIO MILHÃO de visitas em menos de um ano e meio.