PAÍS FOSSILIZADO


Não se pode esperar muito de um país governado por um primeiro-ministro que tira um curso a martelo numa Universidade entretanto encerrada por manifesta fraude nos curso ali frequentados e que também assina de cruz projectos de casas de emigrantes. É o mesmo que pensa que os pivots dos telejornais são jornalistas a sério ou que acha que a Felícia Cabrita é a Oriana Fallaci portuguesa. Um país de gente pequena que só quer casos grandes. Um país grávido de fastio, de intolerância e de parvoíce. O mesmo país onde as grandes empresas reprovam nomes - como o ZON da PTM - porque em inglês ditos soavam mal. Sim, Portugal, onde até o DIAP recorre à wikipédia para nos tentar explicar o que é a PIDE, a propósito de mais um processo espoletado pelo Apito Dourado, o quarto no qual Pinto da Costa sai acusado, ele que esteve já arquivado. Não percebo, por isso, tanta surpresa pelo facto de Leandro Lima poder ter 22 e não 20 anos. Ou a indignação provocada pelos assobios a Farnerud (não sei se acertei no nome mas penso que me percebem). Coisas demasiadas pequenas para um país de causas tão grandes: como Alcochete, o TGV, as pontes sobre o Tejo, o caso eurominas a que ninguém ligou pevide, o Francisco George que se levanta da cama às sete da manhã e que janta sempre em Campo de Ourique, o sr. Menezes e as respectivas namoradas, o cabelereiro da mulher do Vítor Baía, o Mário do Big Brother na cadeia de Custóias a marcar golos ao FC Porto de Jaime Pacheco... Neste país de bimbos semi-analfabetos que decoram livros de liderança comprados à pressa nas prateleiras da FNAC, de cueca fio dental da moda e de sapato de bico já nada nos pode espantar. Estamos entregues à bicharada. Darwin não errou por muito. Esqueceu-se apenas de referir que os fósseis também aparecem na televisão e falam.