VIOLÊNCIA

As claques de futebol, ditas organizadas, como pelos vistos certo crime, sempre foram um ninho de marginais. Os responsáveis dos clubes raramente se interessaram pelo assunto. De certo forma, algum nível de delinquência até dava um certo jeito em determinadas ocasiões... Foi, pois, quase sem espanto que um dia os Super Dragões entraram relvado dentro do Dragão para insultarem o treinador Victor Fernandez e os jogadores, numa fase menos boa de um FC Porto que até foi campeão do mundo. Elementos afectos ou próximos à mesma claque montaram uma cilada ao treinador Co Adriaanse, após um mau resultado em Vila do Conde, lançando-lhe um petardo para debaixo do carro. Mas também no Benfica e no Sporting são conhecidos casos de violência incontrolada partindo da claque. Na Luz já foram apreendidas armas num pequeno armazém que o clube cedia a uma das claques. A verdade é que o "modus operandi" que passa pelo assalto a postos de combustíveis nas viagens para os jogos, por venda e consumo de droga e por todo um exibicionismo obsceno são comuns às grandes claques nacionais. O senhor secretário de Estado pensa que acabará com isto tudo legalizando as claques, ou seja, com burocracia. Os "Pidás", os "Bertos", os "Mendes"...vão continuar a aparecer por aí, certamente legalizados. Como alguns dos stewards que fazem segurança nos estádios, cujos cadastros não contam para nada. Nada disto é espantoso. O que é surpreendente é ter sido preciso morrerem 4 pessoas para se perceber que, afinal, nem todos são bons rapazes...

PS - É certo, tudo isto é condenável. Mas quase tão grave é a violência silenciosa que se exerce sobre quem não alinha, sobre quem não come da gamela, sobre quem não se deixa humilhar, sobre quem pratica jornalismo sem um cachecol ou apenas com o objectivo de poder rapar também o fundo do tacho.