..."Aqui quem manda sou eu"...


...Em 1993, no mundial da Austrália de sub/20, Portugal não foi além de um brilhante último lugar. É certo que esta selecção não possuia o talento das duas anteriores que se haviam sagrado campeãs do Mundo, mas ainda assim teria talento mais que suficiente para chegar mais longe. O descalabro começou na desorganização federativa. A nossa chegada a Brisbane aconteceu dois dias antes do primeiro jogo, quando todas as outras selecções já lá se encontravam há mais de 10 dias. Para ajudar à festa, Carlos Queiroz deixara orfá esta geração com a sua promoção a selecionador principal e a magia perdeu-se. Como se não bastasse, o presidente da federação primou pela ausência e foram dois vice-presidentes que viajaram para os antípodas: César Carvalheira e Víctor Ferreira. É indiscutível que se tratava de duas pessoas simpáticas, afáveis no trato e sempre prestáveis mas, ainda hoje, confesso não saber quem chefiava, verdadeiramente, a comitiva. Falei com ambos e de ambos obtive a mesma resposta: "Sou eu que chefio a comitiva". Não foi por aqui que, como diz o povo, mesmo o povo "bronco aqui da Mouraria", que o "gato foi às filhós", mas o que é certo é que ninguém se entendia, de tal forma que um dia os jogadores foram visitar um parque animal e fui eu quem pagou a entrada a todos eles porque nenhum dirigente acompanhou os atletas e equipa técnica, mais tarde o Dr. Víctor Ferreira, em nome da FPF, devolveu-me o dinheiro. São muitos os atletas, ainda hoje em actividade, que podem confirmar a veracidade dos factos que relatei. Em jeito de conclusão direi que, felizmente, 14 anos volvidos, muito se alterou na organização federativa, o que não quer dizer que tudo seja agora perfeito...