OS PUTATIVOS PAINELEIROS*

Tenho amigo meu que se recusa a ver programas desportivos mas que os vê todos. Despreza aqueles a que chama putativos paineleiros. Costumo discordar dele com argumentos vários: a hora tardia a que são transmitidos (os próprios figurantes cabeceiam de sono), o facto de conhecer alguns deles e de serem bons rapazes, a dificuldade que é falar num estúdio de televisão, o formato dos programas, os rodapés que nos distraem e até a qualidade das gravatas e das camisas escolhidas pelas produções. Mas nunca ninguém me ouviu dizer que o Sousa Martins da TVI é um talento desperdiçado e que merecia estar há muitos anos no balcão da EDP da Loja do Cidadão do Porto a atender o público. Confesso que nos últimos meses estava a dar por perdida esta minha batalha com o meu amigo para quem todos os comentadores desportivos são putativos ou paineleneiros ou mesmo as duas coisas (na fase em que começa a tentar acertar no plasma com latas de Super Bock). Finalmente encontrei um trunfo de tomo. Um verdadeiro ás. Fonte próxima da igreja de S. Francisco, onde se guarda o segredo da última bala e o sétimo selo do orelhas da RTP, para além do 3.º segredo de Fátima Campos Ferreira e do sorriso da Gioconda, disse ao BnA que um desses putatitivos paineleiros recebeu recentemente a grã-cruz de 4.º grau da Estónia, facto que, aliás, já inscreveu no seu currículo inatacável. Com esta ganhei para pelo menos 2 meses de tranquilidade absoluta enquanto vejo tudo o que é programa desportivo na companhia deste meu amigo para quem todos os comentadores desportivos são putatitivos ou, nos seus melhores dias, apenas putativos ou paineleiros. "Uma grã-cruz de 4.º grau da Estónia! Não é possível! Esse homem é uma figura!", foi assim que o meio amigo correu para a casa de banho, onde passou 3 horas a vomitar, regressando ainda a horas do programa da TVI sobre mais uma jornada da Bwin Liga.

* Este título nada tem contra as trabalhadoras da noite e os ofedeguines do povo.