O NOVO REGIME


O que se passa actualmente com a arbitragem portuguesa é algo, como diria o rei Artur, "perfeitamente normal". Ora, todos sabemos que a normalidade não se quer perfeita e muito menos a perfeição se quer normal.

Os nossos árbitros estão viciados num sistema que de certa forma os corrompeu. Um sistema que o colocou sempre num estranho limbo, à mercê de várias influências. Numa frase, nas mãos dos dirigentes.

Tudo mudou desde que a equipa de Hermínio Loureiro chegou à Liga.

Não mudou por causa de Vítor Pereira, mudou por causa do novo estilo de governação.

Hermínio é um homem da política e a política dá 10-0 ao futebol no que se refere a jogos de bastidores e à percepção de realidades. E muita tarimba também.

A equipa de Hermínio depressa fez o diagnóstico da situação e se mais material não houvesse tinha o dossier do Apito Dourado para servir de base de trabalho.

Vítor Pereira na liderança da Comissão de Arbitragem - após os consulados de José Luís Tavares e Luís Guilherme - foi um lance político e como tal deve continuar a ser entendido, até pelo próprio. Ou sobretudo pelo próprio.

Vítor Pereira foi o melhor árbitro português dos últimos 20 anos e este estatuto também lhe granjeou anti-corpos. Dele se diz que é vaidoso e distante. Mas ninguém pode dizer que não é sério. O que, convenhamos, era algo muito difícil de conseguir no anterior regime.

O que se vê agora? Uma pequena campanha contra Vítor Pereira. Porque não dialoga com os árbitros, porque não os defende, porque se vê muito ao espelho, porque criou novas leis do jogo...

Não é isso que é importante. Vítor Pereira, repete-se, é apenas um meio. O fim continua bem definido no horizonte e é: limpar a arbitragem das excrescências que a tornaram um sector mal frequentado, aproveitando as potencialidades de alguns árbitros que em breve podem também assumir a posição de dirigentes.

Acreditem, muita coisa mudou na arbitragem.

Antes de tudo, ao nível das condições proporcionadas aos árbitros. Materiais, de segurança e até espirituais. Mas os árbitros também se estão a adaptar a uma nova realidade a a purga no fundo ainda não foi feita, embora esteja em curso.

Vão ver, por exemplo, quantos jogos importantes fez esta época Augusto Duarte.

Vejam também o que acontece a um árbitro quando comete erros grosseiros.

A arbitragem da Liga é hoje algo que nunca foi ontem. Não tenho dúvidas, melhor. Pior era quase impossível, é verdade, mas durante muitos anos ninguém mostrou vontade em mudar o que estava mal.
Não interessava.

A Liga merece bem mais que o benefício da dúvida quando se fala em arbitragem. Merece sobretudo a confiança dos árbitros que outrora era manipulados por aqueles que se queixam quando perdem ou empatam.
Olhem também para a tabela classificativa. Para o fundo da tabela.