A BODA

BnA conseguiu infiltrar-se na boda da Quinta das Alforrecas e este é o relato do seu enviado-especial. José Serapicos, empregado de mesa n.º 9:

«Uma fina neblina pairava sobre a mesa dos rissóis.
Pôncio, o Piladas, tomava o 43.º comprimido do dia.
Tavarich ajeitava a gravata e pensava em como Carol ficaria bem com ela e de cuecas.
Vítor dava um jeito no cachecol Guess enquanto afagava o joelho da amada.

No alpendre, Ele admirava a cena.

Ela, nervosa, entrava que nem manteiga no corpete branco.

O médico das plásticas torrava a careca e mexia nas madeixas.

Eis senão quando esta beatitude foi agitada pelo ruído de um rotor de helicóptero.

A Cofina fazia o seu voo de reconhecimento.

Ele acenou para ela, ela acenou para ele, lá do alto.

Tocou o sino e a seguir a orquestra. Os telemóveis ficaram no bengaleiro e ninguém pôde tirar fotografias.

O souflé de gambas estava espantoso. Mas foi no arroz de patos que todos se lambuzaram. ATT pensou que o estavam a homenagear e não ousou tocar no pato, perdão, no prato.

Seguiu-se o baile, não sem que antes todos lhE pedissem para declamar Régio.

Assim foi. As musa sempre antes da tusa.

Sua majestade, Ele, entregou-se nos braços da amada já a noite ia longa. Esta cena ninguém poderá cortar.

Na mesa dos rissóis, um croquete libidinoso penetrava uma chamuça.

E foi então que um melro cantou na Quintas das Alfaias. Algures num obscuro gabinete lisboeta, o funcionário da PJ pensou que era uma interferência.»