HOMENAGEM A VIRIATO

A notícia da morte do Chefe Viriato foi recortada de A BOLA e coloquei-a no meu álbum de recortes fúnebres.
Viriato Mourão foi para mim um Mestre, um Amigo, um Conselheiro, uma presença fleumática e bem humorada.
Tê-lo exactamente atrás de mim na Redacção (ao lado do José Meireles) foi um enorme privilégio.
Visitei-o no Hospital de S.José há uns quatro anos. Sei que era um dia de Festa do Jazz no S.Luiz. Levei-lhe o meu livro de poesia "Idade das Trovas". Depois reencontrei-o nas madrugadas do Galeto, já recuperado.
Ficam as memórias e as saudades. Das idas à pastelaria Nita (onde o chefe de ensinou que 'mórbido' podia querer dizer doce, a propósito de um chocolate), dos lanches em que eu e o Viriato provocávamos a Alexandra Tavares Teles, dos trechos de ópera que ensaiava em plena Redacção, do diálogo a propósito da minha crónica "Não há pão para malucos" (cujo título ele achou chocarreiro), das intermináveis 'discussões editoriais' com o José Meireles, a propósito do SE7E e do Diário Pupular, da arte literária que eram os seus artigos sobre futebol internacional, das provocações ao Marcelino Nunes ('Olha o Marcelino! Há 'melão' (rugby) hoje?). Tantas e tão belas memórias.
O Viriato era mais do que um jornalista. Era um tipo, uma lenda, um homem de um outro tempo.
Um tempo melhor, em que as Letras eram mais bem tratadas.

Luís Graça*

* provavelmente o melhor prosador que encontrei nas redacções onde vivi