AURÉLIO PALHA


A morte, a tiro, esta madrugada de Aurélio Palha confirma apenas o clima de terror que se vive na noite portuense. A situação está, em definitivo, descontrolada. Pela segunda vez em duas semanas, a Rua Manuel Pinto Azevedo, no Porto, foi palco de acções mafiosas. Desta vez, a vítima foi Aurélio Palha, um adepto muito especial do FC Porto. Dono do bar/restaurante Mostarda, do restaurante Porta 21 (no Estádio do Dragão), da muito in discoteca Chic, de um grande ginásio na Foz e da Rádio Nova Era, entre outros investimentos, Palha era um amigo com quem conversava muitas vezes, sempre que o encontrava no Mostarda e nas deslocações do FC Porto (não falhava uma). Foi por sua iniciativa, aliás, que um grupo de adeptos se deslocou à Corunha numa limusina, aquando da meia-final da Champions que o FC Porto ganhou, em 2004. Aurélio prometeu que iria à final de avião mas acabou por não ser possível. Recordo ainda um regresso atribulado do FC Porto de uma viagem ao estrangeira, na qual Aurélio "puxou os colarinhos" a Co Adriaanse, após uma derrota. "És um burro", disse na cara do holandês, antes dos ânimos acalmarem. Conselheiro habitual de Pinto da Costa, este grande empresário da noite portuense esteve também, muito recentemente, para se tornar presidente do Leça, com um projecto que visava o regresso da equipa de Matosinhos ao primeiro escalão do nosso futebol. O projecto ficou em banho-Maria depois de a Câmara Municipal de Matosinhos se ter cortado em relação a alguns apoios.

Uma morte é sempre uma morte mas a brutalidade desta deixa-nos a pensar. Nunca mais vamos ver o Aurélio nem ouvir as suas histórias sobre os bastidores do futebol. Tudo ficará, porém, na nossa memória. Que descanse em paz pois os próximos tempos adivinham-se complicados. Uma guerra pode estar a estourar.