RTPPORTOGATE


As revistas de televisão, tá visto, também têm os seus bloqueios informativos. Por isso não tem sido dada muito importância ao que está a acontecer na RTP/Porto. Os chamados estúdios do Monte da Virgem produziram nos últimos anos alguns dos grandes valores da nossa televisão: Judite de Sousa, Fátima Campos Ferreira, Júlio Magalhães, Carlos Daniel, Alberto Serra, José Alberto Carvalho, José Cruz, Rui Cerqueira, José Carlos Castro e outros. Muitos deles tiveram de migrar para Lisboa, pois é aí que, como se diz, estão as oportunidades. Uns podem ver isto como uma visão pacóvia da cena, outros apenas como um simples acto de inteligência. Prefiro o meio termo. O país é pequeno e o mercado curto, entendo. Mas a ambição também. O Porto sempre gerou bom jornalismo e bons jornalistas mas tem vindo a perder espaço quando havia tudo para o contrário. A NTV foi a primeira grande oportunidade para se inverter o rumo das coisas mas a megalomania e a incompetência, quiçá também alguma falta de investimento, transformaram a esperança em ridículo. Hoje, o Porto continua a ter "massa crítica" mas está claramente nas mãos da capital no que toca à comunicação social. Feito o nariz de cera, vamos à carne da perna, isto é, ao que está a acontecer na RTP/Porto. A redacção que há muitos anos produz o jornal da tarde de maior audiência e que transformou o seu jornal da noite, na RTP-N (o N presumo que de Norte), num sucesso que a SIC/Notícias, apesar do esforço, ainda não conseguiu igualar, está à mercê dos boys lisboetas e dos seus critérios economicistas e visões editorias coladas a cuspe de exemplos internacionais. Não tarda nada e o jornal da meia-noite da RTP-N passará a ser editado em Lisboa. O Porto ficará com o jornal da tarde e alguns noticiários avulsos dos horários das sopeiras e das donas de casa desesperadas ou nem por isso. Lisboa decidiu e os seus paus mandados abanaram a cabeça enquanto algumas editorias são ocupadas por jornalistas tão fracos de espírito como em qualidade. É a táctica do nivelamento por baixo que garante subserviência. É usada um pouco em todo o lado. Felizmente, tanto quanto sei, na RTP-Porto há quem não se conforme e tente resistir a mais uma intromissão de quem não se contenta com o muito que já tem. A minha solidariedade aqui fica para com colegas que aprendi a respeitar e que pela sua juventude e generosidade bem mereciam que o Porto não fosse tratado como uma cidade de segunda mas sim como a segunda cidade do país. Força!
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