POUCA VERGONHA


Para quem já pôde "absorver" parte substancial das escutas do Apito Dourado, não restam dúvidas: árbitros, árbitros auxiliares e observadores estavam absolutamente nas mãos dos dirigentes (dos clubes, das estruturas superiores do futebol e da arbitragem). Há aqui um princípio que devia sagrado que é o do distanciamento entre quem está no terreno e quem tem interesses no terreno. Um princípio permanentemente violado. O mais difícil no meio desta confusão era mesmo um árbitro vacinar-se contra estas pressões. Por isso é que todos fugiram como o diabo da cruz quando um dia Pimenta Machado - sem dúvida um outsider no processo conhecido... - quis que Jorge Coroado dirigisse a arbitragem num órgão completamente autónomo em relação ao poder futebolístico. Obviamente, o mínimo que puderam tolerar foi o sorteio (condicionado, claro) dos árbitros. Não há verdade nenhuma nas classificações dos árbitros, não há honestidade nenhuma na forma como estes são tratados e tudo isto tiral qualquer tipo de moral para críticas pontuais ao trabalho dos apitadores. No fundo, todos, ou quase todos, queriam "ter" os árbitros "na mão". Como? Muito simples: tendo influência sobre as suas classificações e nomeações. Negar esta evidência é o mesmo que dizer que Portugal é banhado pelo Oceano Pacífico.