ELES DIFAMAM, DIFAMAM...

A notícia foi dada em primeira mão pelo próprio Ricardo Araújo Pereira: foi pela primeira vez constituído arguido por causa de um processo que lhe moveu Pinto da Costa. Convenhamos, um "TIR" (termo de identidade e residência) é sempre um acontecimento na nossa vida. É curioso também que um homem conhecido pela sua "fina ironia" tenha este impulso de processar quase toda a gente, com a honrosa excepção, claro, daqueles que fazem parte da sua respeitável corte. Processar jornalistas e colunistas é, por outro lado, a coisa mais fácil do mundo e, quanto mais não seja, pelo menos "chateia-se", obrigando os energúmenos a correrem para o DIAP e, caso disso, para os tribunais. O povo diz que quem não se sente não é filho de boa gente e, "prontos", lá temos os tribunais cheios de processos de difamação, violação do segredo do justiça e afins. O RAP finalmente pode conhecer esta espécie de submundo, o que lhe dará, certamente, assunto para umas tantas crónicas e 'scketches'. Há males que vêm por bem, também diz o mesmo povão que declara ter pelo menos 108 relações sexuais por ano, sendo que a casa de banho é o seu segundo local preferido para 'fazer o amor'. E, claro, não faltam por aí advogados dispostos a avançar com processos e mais processos, que o taxímetro não pode parar. É apenas uma das muitas formas de pressão que se exerce sobre quem escreve nos jornais. Uma forma subtil mas, bem vistas as coisas, quase inofensiva se comparada com as grandes acções das "centrais de informação" e sobretudo dos amigos dos famosos. Falando por mim, só três vezes fui a tribunal mas não considero isso particularmente relevante. Tive um chefe de redacção que dizia que os processos são medalhas para os jornalistas, porque são sinal de que estes estão activos e incomodam. Também já tive outros que se borravam todos quando se punha a hipótese de uma acção judicial. Num dos casos foi arguido. Era um processo movido por Amândio de Carvalho, ainda na FPF, por causa de uma manchete da saudosa "Gazeta dos Desportos". Lembro-me ainda hoje bem da forma como tudo aconteceu. O Eduardo Miragaia, o meu chefe da altura, mandou-me para a Luz para "sacar" algumas histórias sobre o Benfica. Lá fui. Havia treino no campo de treinos e estava lá José Torres, o bom gigante. Tudo isto aconteceu poucas semanas depois do Mundial do México, onde Torres foi o nosso seleccionador. Rodeado de adepto do Benfica, o ex-treinador da selecção contava como tinha sido a caldeirada de Saltillo. Meti-me no meio do grupo, ouvi e anotei. No dia seguinte, a manchete: "Amândio é burro". Bem, não foi propriamente uma manchete "soft", reconheço. O caso acabou com um acordo na sala do juiz, em Almada, salvo erro. Nas outras duas ocasiões, fui testemunha. Numa por causa de um auto-rádio que me roubaram junto ao Estádio do Bessa, cujo ladrão foi apanhado pela PSP a duas ruas de distância. Fui o último a ser ouvido e apenas lá fui para confirmar que, sim senhor, era o dono de um modesto Fiat Uno e de um rádio igualmente modesto. A outra foi bem mais complicada. Tive de ir 5 vezes ao Tribunal de Almada por causa de um processo movido por José Luís Tavares, então presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, a Marinho Neves, por causa de uma notícia do "Manhã Popular". Em causa lá estava a habitual história da manipulação das classificações dos árbitros, história que, como se sabe, é apenas mais uma falácia inventada por esses tipos que frequentam as redacções e que não deixam os homens do futebol trabalhar, trabalhar, trabalhar.

Malvados!