Recoveiros e apitos


O senhor ATT perora nas páginas de O JOGO e, se outro mérito não tem, pelo menos escreve em português, o que não é muito frequente na nossa imprensa. A propósito das notícias sobre o despacho de pronúncia do processo originário do Apito Dourado, mais uma vez ATT aproveitou para criticar o Record e, por arrastamente, a minha pessoa, a propósito do título da peça relativa a Rui Mendes, o denunciante do processo. O título era uma citação de Mendes: "Fez-se justiça". Isto costuma acontecer a quem por norma é mais papista que o próprio papa e os respectivos cardeais. O que dou de barato, pois todos temos de ganhar a vida. Acontece, porém, que uma coisa é pregar a doutrina e outra coisa fazer dos outros parvos. Por muito que custe a algumas almas, desde que o Apito Dourado rebentou que trato o caso com o meu ângulo pessoal necessariamente mas procurando sempre dar toda a informação. Não estou aqui para condenar ninguém, apenas para dar notícias e as que dou por norma estão documentadas e baseiam-se em fontes inquestionáveis. Fontes de ambos os lados, note-se. Não foi o jornalista que considerou que se fez justiça, foi Rui Mendes em relação ao facto de ter estado acusado, logo ele que deu origem a todo este processo e que, como explicou o admirável Marinho das Neves, até colaborou com a PJ em algumas averiguações. O senhor ATT, porém, viu aqui mais uma vez uma tenebrosa teoria da conspiração, associando até o título do Record a um título idêntico do "Correio da Manhã" (como parece óbvio, não havia melhor frase de Rui Mendes para sintetizar o seu sentimento). É um acto recorrente. Cada um mede os outros pela sua própria metodologia. Não fico "chateado". Mas não gosto de ser tratado como recoveiro, o que pode ser provado todos os meses no meu extracto bancário e também nas festas e comezainas para as quais não sou convidado. E, sobretudo, nas tainadas para que não me faço convidar...