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O "Público" mudou de imagem, anda pra aí a ser oferecido e vai à procura dos leitores que perdeu ou que se perderam. É um desejo legítimo. O "Público" agora é só "P" mas não vejo mal nenhum nisso embora os antigos avisassem para os perigos de uma mudança de logótipo. E o logo do "Público" era bonito... Mas estamos assim. Quando queremos mudar a imagem de um jornal, contratámos espanhóis - grupo JN - ou ingleses, esquecendo-se depressa que temos na terra excelente gráficos, de que o Cayate é exemplo maior, embora não faça o meu estilo. É triste que assim se continue a passar um atestado de menoridade intelectual e profissional a quem tem talento e deixou nos jornais sangue, suor e lágrimas. Mas, como diz o empresário Araújo, manda quem pode, obedece quem tem juízo, não vá parar a uma qualquer lista de dispensáveis. Acho que é cedo para se avaliar esta mudança porque por norma o que é bom e funciona primeiro estranha-se e depois entranha-se. Pode ser. Mas jornalismo não é só imagem, é também notícia e actualidade e aí o "P" continua igual ao "Público", de que foi triste exemplo a sua segunda manchete com novo look, com o Iraque em destaque enquanto morria gente no Tua... Elementar. O "P" tem também um suplemento. É bonito, sim senhor, mas, por Deus, que me interessam as mulheres que em Israel pegam em armas ou as peles que usam os russos? Não há nada de magazinesco a acontecer por cá? Sim, já sei, as agências internacionais debitam muitas fotos bonitas... É o facilitismo do costume. Sou leitor do "Público" e acho que continuarei leitor do "P" porque sim. É um jornal arrumado, bem escrito, um jornal tipo Alfa (bem esticadinho dura um Porto-Lisboa), só espero que o "P" não faça dos seus leitores alfabéticos estúpidos. Espera-se sempre mais do "P". E esse mais e melhor está longe de estar à vista nos seus conteúdos e numa pseudo modernidade sem ponta de tempero e de graça.