ASSIM, SIM


Quando hoje, sobre a hora do fecho das urnas, fui dizer "sim" à despenalização do aborto, fiquei com a sensação de que a resposta podia ser "não", tantas eram as velhinhas que a custo subiam a escadaria de acesso às urnas de voto, no pavilhão nascente do liceu que frequentei em Matosinhos. Mas não foi não - foi sim a resposta dos portugueses. O referendo do aborto mais uma vez mostrou as duas faces do país: o país moderno e progressista de Coimbra até ao Algarve; e o país ainda puritano e conservador a Norte e nas ilhas. É curioso como um país tão pequeno pode ser tão diferente no plano da moral e dos bons costumes. É o que temos, sendo o futebol também um reflexo desta realidade, embora à sua escala: de um lado um Norte que não se consegue "descomplexar" depois de se ter tornado dominante; do outro um Sul bipolar e que serenamente nos últimos anos não apenas equilibrou forças como também conseguiu alguma supremacia quantitativa, como o atesta uma I Liga apenas com 5 clubes a Norte da linha do rio Douro.