O regresso do rei

Na cidade do fundador toda a gente está à espera do rei. Os mais esperançosos acreditam mesmo que a erosão costeira da Caparica pode levá-lo a voltar à corte, onde foi traído pelo bobo e também por alguns fidalgos. Está visto e provado que não era o rei que precisava do seu reino mas o reino que não podia dispensar o seu rei. Acontece. A verdade é esta: o Vitória está na segunda para lavar e durar, o seu passivo continuou a crescer e o património como que desapareceu - praticamente salva-se o estádio, que pouco resta do que foi hipotecado do complexo com nome real. Os cavaleiros da távola redonda - António, Alberto, Coimbra, Pimenta e Machado - podem estar a caminho do reino hoje em real perigo de desaparecimento. Ninguém consegue perceber como é que se gastou tanto e tão mal o dinheiro proveniente das contribuições dos servos da gleba (1 milhão de euros), das rendas televisivas (2,5 milhões de euros) e de outros tributos reais. O bobo da corte que entretanto subiu ao treino, e que nem grato com os seus almocreves conseguiu ser, escapa-se pelas catacumbas depois de mudar de penteado. Vai pregar para outra freguesia enquanto o reino estremece também sob a chacota da concorrência. O oráculo tinha razão, não estava a especular. Este é um reino inventado pelo seu rei.