Platini - o show do costume


Não sei se é impressão minha mas sempre achei o Platini um tipo com um certo ar de "clow", o que confirmei nas poucas vezes em que o pude ver em acção nos bastidores do futebol. Naquela que terá sido a sua primeira entrevista como candidato a presidente da UEFA, o Michel pouco mais disse que banalidades, ao ponto de "A Bola" ter de chamar para a sua primeira uma frase relativa ao joelho do Eusébio, questão que, como todos sabem, tem mais caruncho que o joelho do Mantorras ou o calcanhar do Sokota. O que Michel quer é o que muitos querem: poder. Compreende-se, pois a quem foi grande nos relvados custa muito sair da boca de cena. E, quer se queira quer não, também no futebol da Europa dita civilizada e liderante ser dirigente ainda é importante. Não sei se Platini dará ou não um bom presidente da UEFA, o que sei é que é francês e dos franceses é sempre de desconfiar. Perdoem-me mas é o que penso. Os tipos podem ter excelente queijos mas, cum raio!, tanto se lhes dá estourar com um atol do Pacífico como patrocinar a causa de senhores como Saddam. E reparem na forma como se retiraram da Argélia: fizeram-no tão bem, que só lá deixaram os camelos. Cuidado com os franceses (que o diga também a nossa selecção). Vem também isto a propósito do objectivo da entrevista feita, e muito bem, pelo José Manuel Delgado, que é um jornalista que o meu pai aprecia e eu também, para além do mais é uma pessoa com quem dá gosto conversar (como nos aconteceu em Leipzig, durante o Mundial, antes daquele jogo da Inglaterra com o Equador). No fundo, o que o senhor Michel queria era namorar o senhor Madaíl. Mas o nosso/vosso presidente da FPF já veio informar que sim senhor, gosta muito do Michel, mas acima de tudo está a sua gratidão à actual administração da UEFA por esta nos ter feito o favor de ensacar umas massas à custa da excelente organização do Euro 2004, que legou à nação uma série de elefantes brancos em forma de estádios e não estou a falar da famosa casa de meninas de Lisboa onde o futebol continua a ser discutido entre flutes e meias de lycra. Ou seja, Madaíl é um homem fiel e que respeita os seus princípios. Ele sabe que não se cospe na mão que nos dá de comer, sobretudo quando essa mão é a manápula do senhor Johansson, esse mastodonte sueco que manda na UEFA há milhares de anos. A sério: não queiram saber o que se passa na UEFA. Já nos basta o que se passa na FPF, na Liga de Clubes e no T-Clube.

Tréguas.