Desta vez a culpa não é do Rio


A questão era: porque será que o no Porto há mais crimes e acontecimentos de impacto nacional? A resposta simplista mas verdadeira é: porque os jornalistas portuense são melhores que os lisboetas, não têm tanta relutância em levantar o rabinho da cadeira. O Porto sempre teve grandes jornalistas e, apesar do gritante défice no sector do grafimo (ainda hoje evidente), até nunca se importou de doar alguns à caridade - isto é, às redacções de Lisboa. O Porto até teve durante muitos anos o melhor diário - JN - do país... O Porto ainda tem o JN, embora sem a força e a implantação de outrora, e a sede do jornal desportivo O JOGO. É pouco. Desaparecido "O Comércio do Porto", às mãos dos galegos e de um director capitalista e incompetente, resta "O Primeiro de Janeiro", que não passa de um morto-vivo. É pouco, insisto. Bem, o "Jornal da Tarde" da RTP continua a bater claramente os seus concorrentes da SIC e da TVI... Continua a ser pouco. Repare-se: o "Sol" nasceu esplendoroso sem cuidar de ter uma redacção no Porto. Bem, alguns dos melhores jornalistas do "Expresso" são do Porto e fiéis. Podem dizer-me ainda que o Porto tem o Carlos Magno mas esse eu passo, a megalomania causa-me alergia, embora aprecie o estilo grandiloquente. Sim, foi do Porto que um dia partiram a Judite de Sousa e a Fátima Campos Ferreira, exemplos apenas da desistência e da falência do sistema. O Porto, em definitivo, definhou jornalisticamente nos últimos anos. E a aparição desses abortos televisivos que são a "Invicta TV" e o "Porto Canal" apenas confirmam que já se sentia: o Porto não passa de uma delegação nos grandes órgãos de informação deste país. E não me venham dizer que a culpa é do Rio...