Pobre país este onde vivemos

Desculpem qualquer coisinha mas já estou quase como o Prado Coelho, esparramando a minha vidinha neste espaço público de interesse privado. Quero falar outra vez do "sensacional" sistema escolar, ao nível do básico (palavra certa), que o Governo lançou este ano no jeito de programa piloto em alguns concelhos, onde as turmas passaram a ter aquilo a que designaram horário normal. A normalidade do serviço no fundo é isto mesmo: o ministério da Educação a passar a bola para a Câmara, a Câmara a devolvê-la ao ministério... Estive ontem à noite numa pequena sala de aulas apinhada de pais preocupados porque os seus filhos estão muito longe de ter a escola que merecem. Falo de Leça da Palmeira e da Câmara de Matosinhos, para que seja bem entendido. Fiquei a saber que aquela que é a escola modelo da freguesia não tem o sistema de gás inspeccionado e que um carro de bombeiros não pode dela aproximar-se em caso de incêndio. A milha filha, ainda com 5 anos, devia ter o seguinte horário: entrada às 9, almoço na escola entre o meio-dia e a 13.30, aulas dessa hora até às 15.30 e aulas de complemento escolar até às 17.30 horas, sendo essas aulas de educação física, artes plásticas, música e apoio ao estudo. Duas semanas depois do início das aulas, continuo a ter de ir buscar a garota para almoçar e fiquei a saber ontem que para a semana a miúda em vez de sair às 15.30 (uma hora bastante apropriada) vai sair à 3ª às 16.45 e às 4ª no chamado horário normal (17.30). Porque a Câmara ainda não colocou monitores e há uns barrotes perigosos nos contentores do parque público onde os miúdos vão almoçar, vou ter de continuar a deslocar-me mais duas vezes à escola para não deixar a Francisca morrer de fome. Se tudo isto não fosse grave, até teria alguma piada. Mas confesso que não achei graça nenhuma quando recebi esta semana a minha nota de pagamento do IRS e fiz contas ao dinheiro que o ano passado dei ao Estado português. Provavelmente, foi aplicado na contratação de uns tantos assessores para o vereador da Educação do meu concelho xuxialista. Ou na contratação de monitores muito incomodados pelo facto de este ano terem de dar apoio escolar...