A BOLA


Com a passagem a accionista único - após a venda das quotas da dr. Margarida, como é conhecida na 'Queimada'-, A BOLA põe-se a jeito do "mercado de capitais". Há muito tempo que se fala na possibilidade de Luís Figo, ou do BPN, comprar o diário desportivo que ensinou muita gente a ler e também a perceber não apenas futebol. Pelo que já li, a dr. Margarida saiu por não se identificar com o actual projecto, o que, a confirmar-se, é apenas a verificação de uma situação que já deu origem à saída de muitos jornalistas que foram durante muitos anos traves-mestras do jornal. Renovar gerações não é fácil sobretudo quando a geração que sai tem nomes como os de Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Joaquim Rita, Rui Santos, João Freitas, Rebelo Carvalheiro, Alfredo Farinha, Jorge Schitzer, Manuel António, Álvaro Braga, Justino Lopes, Leonor Pinhão e João Alves da Costa, entre outros e já são muitos os que citei. A BOLA não resolveu bem este problema (que era difícil), se bem que conte hoje nos seus quadros com alguns dos melhores jornalistas da área do desporto da actualidade, como são os casos de Rogério Azevedo, António Simões, Carlos Rias, Martins Morim, Paulo Montes, João Esteves, Carlos Pereira Santos, Vítor Queirós, José Manuel Freitas e Carlos Vara, entre outros, que não são tantos como os anteriores mas foi o que se pode arranjar. Estive 6 anos n'A BOLA, cumpri um sonho de juventude e fui muito bem tratado - saí de lá realizado, embora descontente com a forma como alguns colegas meus, que muito deram ao jornal, foram tratados (mas tal é algo que acontece em todos os jornais, ou empresas). A BOLA tem um potencial incrível mas dormiu muito tempo à sombra da bananeira, o que se reflecte no produto final. O jornal tanto tem excelente edições como logo a seguir descamba na banalização (o que também acontece noutros quadrantes). É esse potencial que torna o jornal bastante apetecível para quem gosta de desporto e também de transformar papel de jornal em papel moeda. Não acredito que o actual dono aguente muito tempo a pressão do mercado. Falta só saber para que lado A BOLA vai cair...ou melhor, subir.