A Liga



A Liga de Clubes Profissionais de Futebol foi um parto com dor. A história da sua criação começa no final dos anos 70 e o primeiro motor deu pelo nome de Lito Gomes de Almeida, um homem de Espinho que conseguiu não apenas lançar a primeira pedra do novo edifício. A questão depois marinou durantes alguns anos, de reunião em reunião, até ser possível a criação de um organismo autónomo, do qual, se não me engano, Pinto da Costa foi o primeiro e único presidente. Finalmente, já em plenos anos 90, a Liga conseguiu o que há muito se julgava no direito de procurar e que foi fundamentado pela famosa primeira Lei de Bases do Sistema Desportiva, esse monstro criado pelo actual presidente da Câmara de Sintra, que estava farto de, na qualidade de dirigente da A. F. Lisboa, levar xitos nas assembleias da federação de Adriano Pinto, Mesquita Machado e, note-se bem, Gilberto Madaíl. Com a organização dos principais campeonatos, a Liga, aqui já com Valentim Loureiro a assumir-se como força motriz, mostrou que era capaz de o fazer melhor que a FPF - o que, diga-se, também não era difícil. Embora a arbitragem tivesse ficado como o tolo no meio da ponte, como convém, pois o elo mais fraco precisa sempre de alguma instablidade... Temos para trás, portanto, quase 30 anos de trabalho dos clubes no sentido de puderem organizar directamente os seus campeonatos, ou seja, gerir a sua loja. Os acólitos do mercado livre e do capitalismo mais ou menos selvagens por aqui não têm ponta por onde pegar. A Liga tem o poder que tem porque fez por isso, porque de algum modo o justifica e também porque a deixaram ir tão longe. O que querem agora? Querem que os homens que lançaram a primeira pedra, que construíram as paredes e depois o telhado se retirem para dar o lugar a tecnocratas da tetra que percebem tanto de futebol como eu de paneleiros a levar nele no Parque Eduardo VII? Só se fossem parvos!
O grande desafio da Liga de Clubes passa, nos próximo anos, por conseguir assumir a defesa da competitividade, indo para cabeça da negociação dos direitos televisivos e garantindo aos clubes não-grandes receitas importantes, não permitindo que os maiorais continuem a abocanhar as melhores fatias. É um facto que a retirada estratégica da RTP do negócio futebol, a desaceleração da SIC e a marcha-atrás depois de ir em 5ª da TVI também não ajudam a acabar com a situação monopolista que é conhecida. Mas está a chegar a hora de os clubes abrirem os olhos e até pode acontecer uma surpresa na área do audiovisual nos próximos tempos.
A questão agora é: quem é que vai ser o general desta guerra? É certo que Valentim Loureiro continua no terreno mas não terá o protagonismo que teve. Com ele no comando das tropas, tudo era possível. Será Hermínio Loureiro o homem certo no lugar certo? Já aqui disse e reafirmo que o antigo secretário de Estado tem entusiasmo e bagagem para fazer um bom trabalho.

Mas ninguém me tira da cabeça que o "jackpot" daria pelo nome de António Alberto Coimbra Pimenta Machado.