PROSTITUIÇÃO & JORNALISMO


As alegações/acusações do homem que gastou uns milhares de contos na remodelação de uma casa de banho do Ministério da Cultura - nas instalações do saudoso jornal "O Século" - parecem aquela conversa dos treinadores/presidentes que perdem um jogo e depois culpam o árbitro, as más condições do relvado e o facto de o motorista do autocarro do clube não ter passado por um casamento a caminho do estádio. A teoria da conspiração já deu um filme e como uma mão amiga me pôs na mão "O Homem", de Irving Wallace, cada vez acredito mais nela. Manuel Maria Carrilho tem vindo a ser vilipendiado nas páginas dos jornais, com acusações de sexo com ex-alunas e outras torpes teorias. Não sei como seria um país com um filósofo a primeiro-ministro mas já me basta um país com o engenheiro na posição. Antes um gay e preto, como diz um amigo meu, que para aqui não é chamado. O que interessa debater é, segundo Carrilho, se há ou não prostituição no meio jornalístico. Obviamente que sim. O jornalismo é um meio onde há de tudo: de punheteiros militantes a tarados sexuais que conspurcam as casas de banho e os monitores dos computadores. Costuma-se dizer que as redacções dos jornais são locais mal frequentados e confesso que tenho saudades desses tempos (estou a ficar velho). Como a natureza me forneceu uma pila, posso dizer que comecei na profissão sem ter necessidade de actos de genuflexão perante a chefia. embora uma andorinha, ou um duas, até três, não façam esta praga de Primavera. Com isto não pensem que há qualquer semelhança entre as redacções dos jornais e o "Elefante Branco" onde se tomam decisões importantes para o futebol português e onde existe sempre quórum para qualquer assembleia improvisada da FPF ou reunião de direcção de clube ou administração de SAD. Não. O que acontece nas redacções acontece, embora com horário fixo, em qualquer repartição de finanças deste país. A prostituição de que Carrilho fala penso que é outra e tem a ver com a ética e a deontologia que dá tanto de comer a professores de cursos de jornalismo e a provadores de leitões de jornais. Ponto prévio: este tipo de relações interessam tanto aos políticos como aos jornalistas. O pecado não é, portanto, original. O filósofo Carrilho está apenas a armar-se em impoluto pois ninguém acredita que não tenha também a sua claque nas redacções e que nunca se tenha servido do alegado 3º poder para "passar a mensagem". Na era do "Big Brother", o filósofo devia estar mais atento sobretudo quando frequenta um estúdio de televisão. Ao não dar um bacalhau ao Carmona, perdeu de vez as eleições que já estavam perdidas. Não contente com isso nem com o facto de ter servido de alvo ao Pedro Manuel Ramos, depois de lhe ter gamado a namorada, ei-lo que ataca com um livro certamente candidato a best-seller. Uma bela manobra de marketing deste "outsider" da política que faz parte dos sonhos húmidos de muitas portuguesas. Carrilho não devia ter escrito este livro - Carrilho dava era um livro.