Estória de uma paixão




Eram cinco centenas. Quinhentinhos de esperança, a acreditar em milagres. Os adeptos do Leixões foram ao coração do apito dourado acreditando que o Aves não ganharia ao Marco e que seria possível vencer aquele jogo e entraram com 12,5 euros que teriam sido 25 se a direcção leixonense não tivesse encontrado patrocinadores para o restante. Há quem tenha de fazer contas mais difíceis mas estas também era complicadas. Eu não estava a ver o Marco, velho rival da minha equipa na rua escura da 2ª B, por onde também já andou o Gondomar, a dar-nos uma alegria. Era demasiado preverso. Estes quinhentinhos de esperança acreditaram quase até ao fim, embora ao intervalo o marcador ainda não se tivesse mexido e o Aves já estivesse a vencer por 2-0. Não houve golos no Estádio de S. Miguel e a festa aconteceu na vila das Aves. Terceira subida de Neca no Aves - é obra, é mesmo obra, o professor merece mesmo uma estátua e um passeio na praia do Mindelo. Aos quinhentinhos de esperança restou uma zaragata ao intervalo por causa de saias, muita cerveza sem álcool (até esgotar) e o entusiasmo do costume, com a Mafia a dar o tom e o doutor da cartola que já foi nosso presidente da assembleia geral a ajudar. Andavam também lá os famosos homens das fanecas de escabeche na viagem para Salónica. O Leixões teve 4 oportunidades mas não marcou. O Gondomar, melhor ataque da II Liga, mal se chegou à nossa baliza. Na II Liga o 3º lugar é muito pior que o 3º da Liga, não dá acesso a coisa nenhuma. Os adeptos do Gondomar gozaram com a tristeza dos leixonenses mas cá estaremos para ouvir a sentença do famoso processo. Há muitas luas ainda para viver na Terra. A retirada foi pacífica, havia quase tantos polícias e "stewards" como adeptos do Gondomar... E estavam lá as brigadas de fair-play do Governo Civil do Porto, organização que, confesso, desconhecia. No fim, os adeptos leixonenses bateram palmas aos jogadores mas estes nem ânimo tiveram para retribuir. Compreende-se. Este ano o Leixões teve tudo para regressar ao convívio dos grandes mas demorou a mandar o mister Gonçalves para uma batalha naval mais à sua medida. Vítor Oliveira ainda nos insuflou a alma e ameaçou com mais uma subida mas não deu. Ficou, porém de batata, uma certeza: os seus adeptos podem não ser os maiores, mas são os melhores.
A caminho de casa, procurei uma explicação para o empate, mas só ao revelar as fotos que fiz a descobri: o nosso Zidane ficou na bancada, a fumar um "SG" e a beber uma loura sem álcool.